sexta-feira, 31 de maio de 2019

Hoje, eu só queria desabafar um pouco, porque a vida ta realmente difícil.
Sendo brasileira, estudante de doutorado, bolsista, pesquisadora marginalizada.
Cada dia é uma luta, não só pra conseguir resultados pra minha pesquisa, mas pra manter a minha sanidade mental. Com a atual conjuntura que estamos vivendo, o governo cortando verbas da educação e da pesquisa, falando mal de alunos, de professores, de cientistas, cada dia é um desânimo maior. Não só pelo fato de todos os esforços que foram medidos pra chegar onde eu estou estarem sendo considerados coisas de "vagabundos", como também familiares meus, criticando, não mais de forma tão indireta, o que eu escolhi fazer na minha vida. Primeiramente falava-se como a educação era uma coisa boa, como eu deveria estudar e valorizar os professores que me passam o conhecimento. Hoje em dia são todos vagabundos.
As questões que eu passei pra chegar até meu doutorado são um trauma bem grande pra mim, primeiro antes de eu vir pra floripa não tive apoio, vindo pra cá, quando não estava em uma situação boa, era sempre "você que escolheu fazer isso". Não é como se eu tivesse escolha, sendo bolsista de assistência social, muitas vezes não tinha mais de 100 reais pra passar o mês depois que pagava o aluguel, e pedir ajuda é sempre difícil, ainda mais quando "você que quis", e seus pais, além de tudo isso são pobres. Sim, eu quis e eu quero estudar, eu amo muito o que eu estudo, mas quase nunca é fácil.
A pós graduação, tanto mestrado quanto doutorado começaram extremamente difíceis, e eu quase desisti dos dois.
A grande questão pra mim agora, é que eu achei que melhoraria, em algum momento na minha cabeça eu achei que as pessoas entenderiam, mas atualmente só sabem machucar pra poder defender coisas, que eu sinceramente não sei, mas eu acho que nem elas acreditam.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Hoje seria mais um daqueles dias em que eu dormiria até o meio-dia. Mais um daqueles dias em que meu corpo só quer descansar em paz, que eu babaria meu travesseiro e acordaria toda torta. Seria.Um dia em que quando eu acordasse eu tentaria compensar parte do dia perdido. Esse dia não aconteceu, eu não consegui mais dormir, levantei tentando tirar o peso dos pensamentos da minha cabeça.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Sinto que eu nunca vou conseguir superar a tragédia, que ela é parte da minha vida e sempre será. Aquele mesmo conjunto de fatores que me constrói, me transformou nessa tragédia, e eu não consigo me desvencilhar dela, porque eu sou ela. Parece que todas as vezes que eu tento expressar o quanto isso me assusta, um buraco se abre no chão e me suga pra dentro de mim. Eu sinto que não pertenço a nada do que eu estou fazendo parte no momento. Parece que mais uma parte de mim morre enquanto eu vou vacilando na minha luta contra mim mesma. E que tudo que eu fiz até agora só serviu pra me magoar mais e mais, enquanto eu vou me atirando em buracos cada vez mais profundos e deprimentes.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Estou me afogando, por opção. Escolhi viver a tragédia, só assim ela poderá fazer sentido.
Não há como fugir, precisamos viver isso, precisamos suportar isso.
Somos aquilo que escolhemos ser, somos o que vivemos, somos uma construção de fatores, escolhas.
Precisamos viver a tragédia, pois a vitória sobre ela só será plena se encararmos ela como uma prova de amor.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Pela força que eu imaginava ter, pensei que me sairia bem melhor. Há motivos pra sorrir, há alegrias novas, velhas, expectativas. Há tanto por vir, tanto por ir, há tanto. Precisamos aprender a lidar com nossos demônios, regular as vontades, reclamar menos, fazer mais. Buscar todo dia uma força que a gente não tem, pra poder ser um pouco mais feliz. Conviver com o inimigo, chorar as lágrimas de sangue que nos consomem, tirar o peso do mundo das costas. Achei que por tudo que já tinha ido, o que estava por vir não era tão preocupante, mas, como saber o que acontecerá? Percebi que foi prepotência, agora só preciso organizar o tabuleiro e parar de subestimar o inimigo.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

03/15

Trancei meus desejos em uma fita de expectativas. Dancei nas ruas erradas, joguei pedras onde deveria entregar flores. Virei chuva, quando meus raios de sol eram suplicados pelos mais amados. Chorei rios de lama e lembranças, quando deveria sorrir pras novas sementes.
Tentei voltar, buscar a maré baixa, mas me deixei ser levada pela corrente.
É tão confuso, ver que de um ano pro outro, mudou todo o contexto, todo o certo e todo o errado, tudo caiu por terra. Mas um vazio perturbador continua me consumindo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Mais uma noite de insônia, acompanhada por um comprimido de 5-(2-clorofenil)-1,3-diidro-7-nitro-2H-1,4-benzodiazepina-2-ona. Mesmo tentando induzir o sono, estando razoavelmente mais tranquila em relação as situações perturbadoras vividas, o sono não me vem. Passa-se aquele dia, como me dizem que deveria ser vivido, de forma saudável (onde eu discordo em partes), espera-se uma reação fisiológica favorável. Começando a juntar os pontos, e olhar para os parâmetros que podem influenciar essa falta de efeito induzido que eu tento jogar sobre o meu corpo, percebo que de fato, um dia não é o necessário para recuperar algo que foi construído a base de queimaduras profundas pelo corpo e lacerações mal cicatrizadas. O engano bruto da felicidade de um dia, vem acompanhado da insônia predominante do seguinte, pois é necessário perceber, que alegrias não curam traumas, mesmo que seja induzida uma forma de fantasiar que sim, está mal resolvido.