domingo, 24 de julho de 2011

Tranquilamente

No começo era tudo mais profundo e mais intenso, como se a inspiração fluísse de um lugar que você só chega quando está cego com a novidade. O lugar é tão confortável, cheguei e fui sentando, abri uma latinha de cerveja, acendi um cigarro e aproveitei o momento, ah, eu olhava admirada, fiquei horas e horas olhando, mesmo quando a cerveja acabou, mesmo quando o maço de cigarros já se esgotara. Lá estava eu, sentindo.
Pra que ser melhor? Isso que eu busco, isso que eu vou buscar pra vida inteira, sentimentos, e eu estava lá, sentindo, e era um sentimento bom, um sentimento lindo, que eu queria que ficasse comigo pra sempre.
Voltei lá nos dias subsequentes, cada dia eu me sentia melhor, cada dia ficava mais inspirada, pulava mais alto, corria mais rápido... Consegui me sentir viva, inteira, feliz.
Voltava lá, como se o lugar fosse a solução dos problemas, como se tudo fosse perfeito pra sempre, toda vez eu olhava mais e quanto mais eu olhava, mais defeitos eu achava, mais rachaduras eu encontrava, mas o lugar ficava cinza, tudo não passara de um sonho, ou uma fase, ainda não sei o que é real.
Decidi guardar a lembrança das primeiras vezes, deixar a parte ruim pra trás. 
Quero um novo lugar, a gente sempre quer, quero aprender a viver sem esgotar o que pode ser lindo pra sempre.

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